Música

sábado, 24 de agosto de 2013

39-"O Nolito não é compatível"

-O que é que aconteceu?-Perguntou o Nolito preocupado. Eu estava assustada, sem qualquer reacção e sem saber o que fazer. O Garay e a Ana já tinham saído da piscina e aproximavam-se também.

-Amor? Responde-me.-Pedia-me o Nolito, segurando a minha mão.

-O meu irmão...a Maria e o Tiago.-Disse eu, com muita dificuldade e a gaguejar. As primeira lágrimas começaram  a cair.

-Não chores, por favor.-passou a mão dele pela minha cara, limpando-me as lágrimas.- Diz-me o que é que aconteceu.-Pedia-me ele.

-Eles..eles tiveram um acidente.-Disse eu, na altura em que mais umas quantas lágrimas teimosas escorriam pela minha cara.

-Mas e disseram como é que eles estavam?-Perguntou ele.

-Só disseram que o acidente foi grave.-Disse eu.

-Vá não chores, por favor.-Rodeou o meu corpo com os braços dele e eu encostei a minha cabeça no ombro dele e voltei a chorar.
            
-Tem calma!-Voltou a limpar-me as lágrimas que tinham caído abruptamente durante o nosso abraço.-Vais ver que vai tudo correr bem e que depressa  eles estão de volta a casa.-Disse o Nolito.

-Sim pensamento positivo!-Disse a Ana que poisou a mão sobre o meu ombro.

-Têm razão!-Limpei as lágrimas e respirei fundo.

-Vamos?-Perguntou o Nolito.

-Sim.-Disse eu.

-Nós também vamos!-Disse a Ana.

-Nem penses!-Disse o Garay.

-Porque Ezequiel?-Perguntou a Ana.

-Ele tem razão! Já basta uma grávida exposta a este stress.-Disse o Nolito.

-Ok nós ficamos!-Disse a Ana.

-Assim que tiverem novidades digam!-Disse o Garay.

-Sim nós avisamos.-Disse eu.


Dei a mão ao Nolito e caminhá-mos até ao carro. O Nolito conduziu até ao Hospital que nos disseram que eles estavam. Assim que lá chegá-mos, estacionamos e dirigimos-nos logo ao balcão que estava à entrada.
-Boa Tarde! Eu sou familiar de Miguel Martins, Maria e Tiago. Deram entrada aqui à pouco tempo.-Disse eu. A Senhora depois de alguns minutos a ver qualquer coisa no computador pediu-me para aguardar na sala de espera.

-Aguarde na sala de espera que o médico já vai falar consigo.-Disse ela.


Fomos até à sala de espera onde esperá-mos mais de 30 minutos. Foram minutos em que não tivemos notícias nenhumas e em desesperei. O Nolito tentava acalmar-me mas eu apesar de controlar o choro estava bastante nervosa. 
-Senta-te um pouco!-Disse o Nolito, depois eu estar há muito tempo de pé e sem parar de andar de um lado para o outro.

-Secalhar é melhor! Estão a demorar tanto!-Disse eu.

-Devem-lhes estar a fazer exames!-Disse ele. Ele tentava a todo o custo afastar o meu pensamento negativo mas sem resultado. Tudo isto porque havia um pensamento que ecoava na minha cabeça. Mantive-me em silêncio até que entrou na sala um médico. Mesmo ainda não sabendo se era para nós, o meu coração acelerou logo.

-Familiares de Miguel Martins?-Perguntou o Médico.

-Somos nós!-Disse eu, levantando-me.

-Sente-se!-Disse o Médico. Voltei a sentar-me, o Nolito sentou-se ao meu lado e o médico nos bancos que estavam à nossa frente.

-Como é que ele está?-Perguntei eu.Fiz a pergunta sem saber se queria ouvir a resposta.

-É melhor falar primeiro dos outros dois familiares.-Disse o médico. Assim que ouvi isto apenas pensei que o médico queria falar do menos grave para o mais grave.

-Então diga!-Disse eu.

-O pequeno Tiago está bem tem só um braço partido e alguns arranhões!-Disse o médico, respirei de alívio mas sabia que o que se seguia não ia ser fácil de ouvir. 

-Ainda bem!-Disse eu.

-Agora a Maria! Neste momento já não corre perigo de vida. No acidente um vidro fez-lhe um corte bastante profundo e cortou-lhe o tendão do braço. Operámos-a mas como tinha perdido bastante sangue correu algum risco. Mas a operação correu bem e ela está a recuperar.-Mais uma vez respirei de alívio mas sabia que o que se seguia ia com toda a certeza ser o pior que eu ia ouvir depois destes minutos de notícias.Olhei o Nolito que percebeu, através do meu olhar, o medo que se estava a instalar em mim. Ele deu-me a mão e apertou-a.

-Agora o seu irmão:ele está a ser operado neste momento. A pancada do acidente provocou uma ruptura do Baço e isso levou a uma hemorragia interna.-Disse o médico.

-Mas...ele...corre risco de vida?-Perguntei eu, a medo.

-Eu vou ter de ser sincero, sim corre.-Disse ele. Naquele momento senti como se estivesse a apagar, e tudo o que o médico e o Nolito me disseram nos segundos seguintes nem ouvi. 

-Sofia está me a ouvir?-Perguntava mais uma vez o médico.

-Sim.-Disse eu.

-Tem de manter a calma!-Disse o médico.

-Sim eu vou tentar.-Estava a tentar manter a calma pelos minimeus mas só eu sabia a vontade que tinha de gritar, de chorar, de tudo.

-Doutor, doutor! Estão a precisar de si no bloco operatório.-Gritou uma enfermeira que entrou a correr na sala de espera.O médico nada disse e saiu a correr e a enfermeira a mesma coisa.

-A culpa disto é toda minha!-Disse eu.Eu era a única culpada de tudo isto, se eu não lhes tivesse pedido para ficarem mais um dia, secalhar nada disto tinha acontecido e eles estavam bem, o meu irmão não estaria neste momento em perigo de vida.

-Não digas disparates!-Disse o Nolito. Eu não tive tempo de responder porque entrou uma enfermeira na sala, dirigindo-se a nós.

-O Doutor pediu para vos informar que o seu irmão vai precisar urgentemente de uma transfusão de sangue! E o tipo de sangue do vosso irmão é raro e não temos esse tipo de sangue disponível.-Disse a enfermeira.

-Eu quero fazer análises!Eu posso ser compatível.-Disse eu.

-A senhora não pode, está grávida!-Disse a enfermeira.

-Eu faço!-Disse o Nolito.

-Então venha comigo!-Pediu a enfermeira.

-Ficas bem?-Perguntou ele.

-Sim. Vai.-Disse eu.


O Nolito foi com a enfermeira e eu fiquei na sala de espera. Sentei-me num banco a pensar em tudo isto. Sentia-me a culpada de tudo. E agora sentia-me impotente, não podia fazer nada, nem doar o meu próprio sangue. Por breves momentos odiei estar grávida. Estava a ser injusta, eram os meus filhos. Mas também estava a pensar no meu irmão, tantos anos sem o ver e agora depois de uma semana maravilhosa, podia perdê-lo, perdê-lo para sempre. Os meus pensamentos foram interrompidos pelo regresso do Nolito.
-Então já está?-Perguntei eu.

-Sim. Eles disseram que daqui a bocado já vem dizer o resultado.-Ele sentou-se ao meu lado.-E tu como é que estás?-Perguntou ele.

-Mal. A culpa disto é toda minha. Minha, de mais ninguém.-Disse eu.

-Não é nada!-Disse o Nolito.

-É, eu insisti com ele para ficarem. Se tivessem ido ontem, isto provavelmente não tinha acontecido e estavam neste momento felizes em casa mas não estão aqui no hospital e a lutar pela vida.-Disse eu.

-Para de dizer isso! Não tens culpa de nada. Aconteceu porque tinha de acontecer.-Disse o Nolito.

-E nem ajudar posso! Que raio de irmã sou eu? Eu quero ajudar! Não quero ficar à espera enquanto o meu irmão está a esvair-se em sangue, quero ajudar. Quero lutar pela vida dele.-Disse eu, com as primeira lágrimas, desde que entrei naquela sala de espera, a começarem a cair.

-E podes ajudar! Podes...olha liga a pessoas que conheças para virem fazer as análises. Eu vou fazer o mesmo!-Disse eu.

-Boa! É isso!-Disse eu. Tirei o telemóvel do bolso na altura que ele começou a tocar. Era a minha mãe. E agora? Coragem para lhe contar tudo? Respirei fundo e atendi.


-Mãe..

-Filha! Como é que está o Miguel? Não me escondas nada.-Disse ela.

-Mas como é que já sabes?-Perguntei eu.

-Ligaram-me do Hospital, a dizer que ele tinha tido um acidente e que precisava de sangue.-Disse ela.

-Sim, é isso!-Disse eu.

-Eu já estou no aeroporto! Mas ele corre risco de vida?-Perguntou a minha mãe.

-Os médicos disseram que sim.Mas ele vai safar-se.-Disse eu, tentando mostrar que estava a lidar bem com isto. Nesse momento chegou uma enfermeira para falar com o Nolito. Percebi logo que o resultado tinha sido negativo. 

-Sim ele é forte.-Disse a minha mãe, mas percebi pela voz dela que tinha mais vontade de chorar do que dizer aquilo.

-O Nolito não é compatível.-Disse eu, triste.

-Já liguei ao teu pai mas ele não me atendeu.-Disse eu

-Eu vou ligar-lhe.

-Ok filha até já.-Desliguei a chamada e nesse momento o Nolito desligou a chamada que estava a fazer também.


-A minha mãe já sabia de tudo e está no aeroporto para vir para cá.-Disse eu.

-Eu liguei ao Garay a dizer como é que estavam as coisas. Ele prontificou-se logo a vir também fazer a análises.-Disse ele.

-Boa! Vou ligar ao meu pai.

Fiz a chamada para o meu pai mas ele não atendeu. Não ia desistir. Liguei mais duas vezes e ele desligou-me as chamadas. Voltei a ligar e ele finalmente atendeu.
-Pai, aleluia! 

-O que é que queres?-Perguntou ele de forma rude.

-O Miguel está no hospital e precisa de uma transfusão de sangue. Tens de vir cá, por favor!-Do outro lado nada ouvi, apenas uma gargalhada. O que é que aquilo significava? Ele estava a gozar com a situação?

4 comentários:

  1. E prolongar isto mais um bocadinho, não?
    O desespero da Sofia, faz-me desesperar a mim! Faz-me pensar que TEM de ser encontrado JÁ alguém compatível com o sangue do Miguel. E NÃO, não pode ser o pai, ele não se está a rir do filho que está em risco de vida pois não? É bom que não!

    Agora...Sofia, querida meu amor, minha fofinha, o próximo podia sair já hoje não? Assim acabavas com este suspense! Por favor, por favor, por favor (imagina um beicinho super bem feito!)

    Besos guapa.
    Ana Patrícia Moreira.

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  2. Olá...amei.
    Coitado do Miguel...espero q ele se safe :/.
    O pai do Miguel é um enorme fdp -.-...a rir-se da situação...devia de ter um acidente e tb precisar de ajuda.
    Agora fiquei curiosa para saber quem será o dador...espero q seja alguêm q a gente n imagine ;).
    Próximo sff :*

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  3. Olá!
    Gostei muitissimo como já deves calcular.
    Esta coisa do acidente não podia ter sido pior realmente Sóf (Maria!);
    Depois adorei as reacções de todos pois toda a gente se dispunha a ajudar o que é maravilhoso;
    Mas o pai não entendi, e tu não faças nada que seja mau para o Miguel, vá lá Sóf, não mates!

    Quero muito o próximo, te gostooo mucho, ahah <3

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  4. Olá!
    Sofia, queres matar-nos, certo? Espero que haja alguém compatível com o Miguel e que chegue rápido! Agora, esta gargalhada... deu-me uma raivinha! Espero bem que tenha sido ele a rir-se da situação do filho! Porra, podem ter as suas desavenças, mas é filho joder!
    Portanto, quero muito o próximo, e por favor, não deixes ninguém morrer!

    Besos guapa <3
    Mónica

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